MINHA EXPERIÊNCIA
Quando eu
era criança com os meus 11 e 12 anos, meu pai que era natural da cidade de
Santos, no litoral do estado de São Paulo, torcia pelo time de futebol mais
representativo da sua cidade natal. Também pudera, lá fazia carreira o notável
atleta Pelé; laureado pela FIFA no último ano da virada do milênio, como “O
Jogador de Futebol do Século XX”.
Papai era
crente, e na igreja não era de bom parecer que um membro torcesse por time
algum. Talvez por isso ele nunca nos levou para ver, e nem ele foi, num estádio
de futebol. Embora, na sua juventude, tenha se aventurado como jogador de
várzea.
Ele sempre fazia elogios ao
Santos, mas dizia não ser fanático. E não era, de verdade! O mais que ele fazia
era ouvir a rádio Bandeirantes de São Paulo e entusiasmar-se com a locução do
Fiore Gigliotti. E quando a TV em preto e branco começou a se popularizar,
papai foi um dos primeiros a comprar um aparelho "Invictus" de 21
polegadas. Aí sim, podia ver o seu time do coração na tranquilidade do nosso
lar.
Meu pai
era cheio de fé, muito consciente e responsável e, mesmo enfrentando as
circunstâncias da vida, nunca perdeu a confiança em Nosso Senhor Jesus Cristo.
Ele me dizia: “Filho quer torcer para Santos, torce! Para o Corinthians, São
Paulo, Palmeiras ou outro time? pode também, mas nunca deixe de crer em Deus!
A
partir daquela liberdade comecei a gostar do Corinthians, afinal o melhor
goleiro do Brasil, o Gilmar dos Santos Neves, viera do alvinegro paulista e
agora defendia o Santos. Assim, estávamos todos em casa.
Nunca
pisei num estádio de futebol em dia de jogo, a não ser uma vez no campo do
"7 de Setembro" do bairro da Mooca, e outra vez no Pacaembu, por
motivos profissionais não ligados ao esporte.
VIVENDO E APRENDENDO
Desde
pequeno eu fui, digamos assim, mais ligado às coisas espirituais. Lembro-me
que, quando fomos morar na chácara Paraíso em São Bernardo do Campo, eu juntava
as crianças no meio do dia, na cocheira dos animais e ensinava a eles a revista
da Escola Dominical e corinhos infantis. Ainda me recordo o refrão de um deles
do hinário "Cantor Cristão": vinde meninos, vinde a Jesus. Ele
ganhou-vos bênçãos na cruz. Aos pequeninos ele conduz, oh vinde ao Salvador.
Que alegria, sem pecado ou mal...
E foi assim que eu cresci, não só sentindo-me
como um participante da igreja invisível de Cristo na Terra, mas também como um
integrante de um honorável grupo de propagadores do “Evangelho da Paz”.
Estai, pois, firmes, tendo cingidos os vossos
lombos com a verdade, e vestida a couraça da justiça. E calçados os pés na
preparação do evangelho da paz (Ef 6.14,15).
E numa certa altura do campeonato,
digo, certa altura da vida, me descobri crente em Jesus Cristo. Mas também
morador de um país tropical, geograficamente falando e tricampeão mundial de
futebol.
Por falar em seleção tricampeã, lembro-me
muito claramente daquele tempo e do título obtido pela seleção brasileira quando
venceu a italiana por 4 x 1, no dia 21 de junho de 1970 no Estádio Azteca, na
Cidade do México.
Eu e o meu saudoso amigo Carlos Magnus
Reikdal (sobrinho do patriarca pastor Alfredo Reikdal), jovenzinhos ainda, mas
oficialmente trajados com a farda da então gloriosa Guarda Civil do Estado de
São Paulo, fazíamos a nossa visita a diferentes locais onde era televisionada
todas aquelas partidas. Foi assim também naquele dia. E, diante da conquista do
tri, vimos todas aquelas pessoas festejando nas ruas do centro. Uns gritavam, outros
se cumprimentavam sorrindo. Estranhos abraçavam-se, sem nunca terem ao menos se
visto anteriormente. Outros entusiasticamente desfilavam em seus carros,
movimentando fitas verde-amarelas, flâmulas e bandeiras do Brasil. Tudo ao som alto
do conjunto “Os Incríveis” que tocava por toda a parte: “De repente é aquela corrente pra
frente, parece que todo o Brasil deu a mão! Todos ligados na mesma emoção, tudo
é um só coração! Todos juntos vamos pra frente Brasil, Brasil. Salve a seleção!”
Aquilo evocava no interior de todos nós
sentimentos por onde sobejavam energia, ânimo e patriotismo.
Foi nesse momento que o Reikdal me
perguntou:
― Por que será Renato, que não
sentimos esse mesmo entusiasmo na igreja?
― Porque não colocamos o coração na
seara do Senhor como deveríamos! E nem nos envolvemos inteiramente como
precisamos... Respondi ao meu amigo e continuei:
― Quando agimos corretamente Carlão, a
alegria que sentimos é bem maior e duradoura do que essa, porque depois que
tudo passa... Eles poderão sentir remorsos por causa dos exageros. Mas, na
manifestação da alegria espiritual - não há excessos - e, além disso, sem
pecado ou mal nós agradamos ao Senhor Deus.
Ele parece que entendeu o que eu lhe
dissera, pelo menos em parte. Mas, aquela pergunta foi repetida muitas vezes em
minhas lembranças. Por isso, procurei por mais respostas e posso dizer que não sei
tudo, mas hoje entendo um pouco mais do que naquele dia.
O
PROPÓSITO DA CRIAÇÃO DO HOMEM
Qual seria o propósito de Deus para
criar o homem? Nas muitas suposições existentes sobre essa questão, o estudioso
sobre o assunto deve considerar que, para ter uma resposta sincera, verdadeira
e convincente precisaríamos também, conhecer e desvendar todos os segredos e
mistérios que envolvem a essência de Deus. E isso até aqui, ainda é impossível
para os homens, mesmo até ao mais sábio entre eles. Assim escreveu Salomão:
Tudo fez Deus formoso no seu devido tempo; também pôs a eternidade no
coração do homem, sem que este possa descobrir as obras que Deus fez desde o
princípio até ao fim (Ec 3.11).
A glória de Deus é
encobrir as coisas, mas a glória dos reis é esquadrinhá-las (Pv 25.2).E o apóstolo Paulo ao discorrer sobre a grandeza de Deus, tentando correlacioná-la com a pequenez do homem, se expressou: Porque qual dos homens sabe as coisas do homem, senão o seu próprio espírito, que nele está? Assim, também as coisas de Deus, ninguém as conhece, senão o Espírito de Deus (1Co 2.11).
Dessa maneira, eu também nem tentaria chegar perto da pretensão de esgotar o assunto. Nem ao menos explicitar as muitas ponderações a respeito; por não dispor de espaço suficiente aqui e também por não ser capacitado para isso. Assim sendo, aponto apenas alguns tópicos sobre esse tema e na sequência discorrerei brevemente sobre eles.
PROCURADOR
E criou Deus o homem à sua imagem; à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra (Gn 1.27,28).
Vemos
nos textos que antecedem esses dois versículos, que tudo aquilo que Deus
pretendia criar, Ele o fez. Agora ele chega à coroa da criação: o homem e a
mulher! E entregou-lhes as mesmas leis naturais que entregara aos demais seres
criados. Ao ser humano continuou Deus com as determinações de praxe, porém a
ele completa:
...
sujeitai
e dominai sobre os peixes do mar e sobre ...
Entende-se
que aquele “domínio” pode e deve ser considerado um governo sobre os demais
seres. Não para uma sujeição desprovida das características do “Criador”.
Antes, como representante direto e obra principal da Sua criação, se investisse
como “autoridade de governo” para promover aos demais seres, condições para que
cumprissem o que lhes fora determinado. Dessa forma, entendemos que o propósito
primordial para a criação do homem, fora para ser representante legal e direto de
Deus, em uma função como a de “procurador” sobre as demais coisas e seres criados.
Esse
entendimento se desprende do seguinte versículo:
Havendo, pois, o Senhor
Deus formado da terra todo o animal do campo, e toda a ave dos céus, os trouxe
ao homem, para este ver como lhes chamaria; e o nome
que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles (Gn 2.19).
Consequentemente, entende-se que a
responsabilidade da “autoridade de governo” conferida ao homem, serviria para
levar a bom termo a vontade do outorgante da procuração, ou seja Deus. Assim,
em primeiríssimo lugar o homem, outorgado da procuração, deveria fazer cumprir a
sua missão em todos os seres criados, inclusive nele próprio.
CONTINUA...
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