Irai-vos e não pequeis, não se ponha o sol sobre a vossa ira, nem deis lugar ao Diabo (Ef 4.26,27).
Alguém já disse que quem perdoa esquece. Seria isto de fato possível? Sendo franco com o caro leitor, não acredito que dentro da conjuntura humana seja provável esquecermo-nos das ofensas que sofremos. Todavia, isto não nos dá a prerrogativa de não perdoarmos a quem quer que nos tenha ofendido – tantas vezes quantas forem necessárias.
Ira... Uma emoção tão comum que até Jesus sentiu. Todos nós, provavelmente, a experimentamos pelo menos de forma leve a cada dia. Quando ficamos presos no trânsito, atrás de um caminhão em marcha lenta. Quando recebemos pela terceira vez a fatura de uma revista que nunca assinamos. Quando o cachorro do vizinho estraga o nosso jardim.
Embora seja uma emoção
comum, é difícil para os cristãos lidarem com ela ― alguns de nós, por não
conseguirmos controlar nossa ira e termos vergonha de pedir o auxílio de outras
pessoas, outros por sentirem tão desconfortáveis com ela que não se permitem
reconhecê-la quando surge. *Charles
Swindoll
Penso que somente o Senhor Deus tem o poder de esquecer toda a ofensa cometida contra Ele. Talvez você agora imagine que coloquei em cheque ou no mínimo comprometi o propósito deste livro, mas na verdade isso não acontece; e explico por quê. O ressentimento é alimentado pela mágoa e desejo de vingança, porém uma vez que o ressentimento é excluído através do perdão, sua mente deixa de ser golpeada pela mágoa e ainda que você não esqueça totalmente da ofensa, você não padece mais por causa dela e seu coração e mente se tornam aliviados.
“... se tendes alguma
coisa contra alguém, perdoai para que vosso pai celestial vos perdoe as
ofensas” (Mc 11.25).
Nos
últimos anos venho atuando como conselheiro pastoral em um departamento criado
exclusivamente para dar atendimento aos membros da nossa igreja. O “DAP” sigla
que corresponde ao Departamento de Aconselhamento Pastoral é a central desse
atendimento. Nele tratamos dos casos com a mais alta transparência e ao mesmo
tempo com o mais rigoroso sigilo. Tenho observado que muitos casos tratados
estão relacionados a questões emocionais como mágoas, iras, descontentamentos,
etc. Estes sentimentos são como as raposinhas descritas na Bíblia Sagrada.
Apanhai-nos as raposas,
as raposinhas que fazem mal às vinhas, porque as nossa vinhas estão em flor (CT
2.15).
“Raposinhas”
– É provável que elas se ocupavam em cavoucar ao redor das videiras cobertas de
flores. Elas representam as pequenas coisas que não damos muita importância,
mas que, infelizmente, teimam em estarem presentes em nossa vida e que são
altamente danosas e até mortais. Na plantação de uvas, o alvo das raposinhas é
a raiz das vinhas, que uma vez corroída impede o crescimento sadio da videira,
levando-a a total esterilidade. Por serem pequeninas são difíceis de
identificar. Porém, se não forem apanhadas destroem toda a plantação.
As
raposinhas são o símbolo daquilo que parece inofensivo; uma insatisfação pela
indisposição em perdoar que se transforma em uma mágoa e se instala no coração
como eco do ressentimento.
H. Normam Wright, no livro “PAIXÃO - como manter viva a chama do amor”, e Jeff Wickwire em seu livro “Livrando-se das Mágoas”, ainda que de formas distintas, usam um pequeno inseto (cupim) para ilustrarem o mal que o ressentimento pode provocar na vida de uma pessoa e danificar os seus relacionamentos.
Os cupins são insetos
sociais que constroem seus ninhos, chamados cupinzeiros, para proteção da
colônia, para armazenar alimentos e a manutenção de condições ótimas para o
desenvolvimento dos indivíduos. Todas as espécies de cupins vivem em colônias consideravelmente
populosas. Vivem nas cidades, cavando túneis em móveis de madeira, para formar
seus ninhos. Os cupins são insetos sociais como as abelhas e as formigas, vivem
em colônias e são organizados em grupos diferentes: cupins machos reprodutores,
soldados e operários. Quando atacam silenciosamente uma peça de madeira, pode destruí-la
rapidamente sem que sejam percebidos.
Tais como os cupins, que provocam grandes estragos (quase sempre sem serem notados, pois eles não operam na superfície), os ressentimentos, que como o próprio termo indica, é sentir novamente as ofensas de outrora, tem promovido grandes ruínas na vida de quem se deixa dominar por eles. Assim, ponderamos que não vale a pena colecionar tais sentimentos.
Por que não devemos nos deixar dominar pelos maus sentimentos? Porque isso seria como se você reabrisse uma ferida antiga. As pessoas que já tiveram lesões no corpo sabem muito bem que as dores enfrentadas quando acontece um reincidente no mesmo local do ferimento que já estava cicatrizado, são muito mais intensas que as sentidas quando aconteceu o primeiro acidente. Por isso, evitam a todo o custo se machucarem outra vez.
Este
mesmo cuidado devemos empregar para que as mágoas e ressentimentos não venham a
se reavivarem, dessa forma, reabrindo grandes e antigas feridas. Não que todas
as doenças sejam geradas pela má administração das emoções, mas a Psicologia
tem observado que, muito desses males são consequências de alimentarmos
constantemente as raízes dessas doenças com choques emocionais.
Segundo J. A. Schindler, a maioria das doenças induzidas pela emotividade, decorre de emoções relativamente pequenas. Isto nos leva a uma conclusão no mínimo bem sensata: devemos interromper o gotejar destas ações e superar o ressentimento.
Endereços do escritor Antonio Evangelista:
www.facebook.com/antonio.evangelista.71
www.perfeita palavra.com
pr.antonioevangelista@hotmail.com
Nota do autor do blog:
O referido livro foi prefaciado pelo Pastor Hernandes Dias Lopes e pelo Pastor José Lianti Pinto; eu tive a honra de apresentá-lo ao público leitor.