CARNAVAL - E AS SOBRAS DAS CINZAS
Anunciei Jesus, mas não consegui atingir a sua alma.
O não, veio sem ranço e até com calma:
– Não pastor! Fé eu já tenho e sempre que estou apurado, é aqui que eu venho. Não me leve a mal, está começando o carnaval. E eu não sou carola, tenho o samba no pé e vou desfilar na escola.
Ele sempre fora um bom moço: honesto, dedicado à família e, segundo me dizia, pretendia casar-se em breve. Sua noiva era uma linda morena. E por ser por ele tão querida, comungava também, das suas intenções, do seu bem e da sua vida.
... Na quarta-feira, na rua, bem tarde após um culto abençoado, me deparei com um vulto desorientado. Ao chegar mais perto, o reconheci. A sua fisionomia era outra, as suas mãos tremiam e eu percebi o seu olhar introspectivo.
Titubeando ele falou:
– Pastor... No desfile... Eu perdi.
– Perdeu o quê? o título, a escola?
– Não! A escola ganhou, eu é que perdi.
– Pastor! eu perdi o meu amor!
Quem abrir uma cova, nela cairá. (Ec 10.8a).
© Pr. R Moura – Publicação livre – se indicado o autor
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